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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Hoje quis recordar isto

The Tao that can be told is not the eternal Tao;
The name that can be named is not the eternal name.
'Nothingness' is the beginning of heaven and earth.'
Oneness' is the mother of everythings.
Ever desireless, one can see the mystery.
Ever desiring, one can see the manifestations.
These two spring from the same source but differ in name;
this appears as darkness.
Darkness within darkness.
The gate to all mystery.

—(Gia-Fu Feng & Jane English, 1972).

sexta-feira, novembro 16, 2007

O caminho do Bodhisattva

A frase é mais ou menos assim: "Tive fome e deste-me de comer, tinha sede e deste-me de beber, tinha frio e cobriste-me, estive só, fizeste-me companhia, estive preso, foste visitar-me." Há pessoas que têm este efeito em nós.

segunda-feira, setembro 10, 2007

A vida vale a pena...

.. mas é preciso prática. Este é o título de um livro do Bo Lozoff, co-fundador de Human Kindness Foundation. Li há uns anos atrás We're all Doing Time (sobre meditação nas prisões mas, basicamente, "somos todos prisioneiros"), e o que me interessou foi o lado muito prático de tudo o que ele dizia. Neste It's a Meaningful Life a urgência da prática neste Planeta Terra & Companhia Lda está ainda mais em evidência. Para além de uma vida mais simples e atenta às pequenas coisas, Bo Lozoff sugere práticas a que nos podemos dedicar durante um determinado período de tempo, por exemplo, um mês - em vez de pensar que temos tanto por onde começar... que não começamos nada. E para os mais apressados, o facto de tomarmos consciência de determinados padrões, é já muito importante. Por exemplo, mesmo que não consigamos começar por um voto tipo "não falar de ninguém que não esteja presente", porque não começar por nos darmos conta de quantas vezes falamos de alguém sem essa pessoa estar presente? Esse pequeno passo é já muito revelador.... a não ser, claro, que passemos à fase seguinte... pois "podemos fazer o mais difícil":

"We have a saying around Kindness House, the community where I live: 'You can do hard.' The reason that we say this is that, in our modern era, the words 'It's too hard' have become an anthem for giving up. Have an ache or pain, reach for a pill; get depressed after losing a job, take Prozac for a while. A friend once confided to me that she regretted divorcing her husband. She said the only reason she did it was the prevailing attitude at the time that 'If it gets really hard, why make yourself suffer?' Maybe we have become afraid to tackle anything that might be very hard; maybe we've been convinced that we can't do hard things.

" 'You can do hard' is one of my community's ways of reminding us that we need not run away in fear just because something is greatly challenging. It might be daunting, but we can do daunting. It might even be scary, but we can do scary. No matter how bad it is-and it could be very bad for a while-we can do it. And then years later, it's just one sentence: 'Sita and I hated each other for most of 1979; we held on to our marriage by a thread.' Just one little sentence in a conversation. Nothing extraordinary. Nobody falls over when you tell them.

"We can do hard. Really, we can. Don't let a brief cultural myopia fool you into thinking you'll crumble when the chips are down. Human beings are designed for the chips to be down sometimes. We can endure unimaginably hard things and come out better for them."

... O que me faz recordar ainda uma entrevista que li há pouco tempo com um filósofo francês da actualidade (acho que foi o Gilbert Simondon), que dizia que um dos grandes flagelos do mundo moderno é o complexo de vitimização. Não só procuramos coisas fáceis como quando se torna difícil, somos todos vítimas. Esse tipo de visão falsa só pode arrastar-nos para mais outra história... ou para nos afundar-nos ainda mais na nossa história...

quinta-feira, agosto 23, 2007

Escutatório

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.

Escutatório,
Rubem Alves

domingo, março 25, 2007

Quan Yin


Descansei no teu regaço e por momentos pude ser.

"A Mente é como um oceano ilimitado de luz, ou espaço infinito, do qual brota Bodhi, uma energia maravilhosa, que gera em nós a ânsia pelo Despertar. Mas para despertar, precisas de uma imensa provisão de sabedoria e compaixão. A Sabedoria inclui a percepção completa e directa do não-ego e da não existência de algo como um “ego próprio” em nenhum objecto. A Compaixão é o meio supremo para a destruição do apego a um sentido do ego ilusório."
de Boddhisattva of Compassion, The Mystical Tradition of Quan Yin, de John Blofeld

quinta-feira, março 08, 2007

Linguagem correcta

Do acesso ao insight. Porque me pediram.

Mundo da água




Ao ler este texto, não pude deixar de pensar no elemento Água, que a-bordamos ontem. Quem esteve na sessão, sabe que às tantas o tema trans-bordou. Coisas da água.




Algumas das sensações/imagens que a água "me" evoca: brincadeira/prazer, envolvimento, purificação, morte/vida, dor/lágrimas. Uma ideia que "me" evocaram: "deixar-se ir". Outra ideia visual - a linha do horizonte: o que está para traz dessa linha?




Um conselho de Tenzin Wangyal Rinpoché: se estiveres numa situação que te causa rigidez, falta de à-vontade, recorda o conforto da água. Se te sentes agitado, preocupado, demasiado crítico, liga-te à água.




Algures no meio do deserto, há um poço escondido.

O Principezinho

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O professor


E há estas histórias, que fazem parte da nossa história e do nosso mito, ao mesmo tempo uma pergunta e uma resposta.

"Há uma história muito bonita sobre Kishizawa Roshi, um mestre Zen muito famoso. Era um professor do secundário antes de se tornar um monge, com a idade de trinta anos, sob a orientação de Nishiari Roshi. O rosto de Nishiari Roshi era único; era muito sério e tinha muitas marcas, como a pele de uma batata. Kishizawa Roshi estava sempre a ser repreendido por ele, fizesse o que fizesse. Bom ou mau, certo ou errado, estava sempre a ser repreendido. De tal forma que Kishizawa Roshi pensou em abandonar tudo; ele queria mesmo ir embora, porque não entendia por que tinha de sofrer tanto. Muitas vezes pensava em ir embora, mas não conseguia. A vida do dia-a-dia era como se uma pessoa tivesse de dar saltos pouco dignos para alcançar alguém muito ocupado; como um rapazinho que não quer ficar para trás e avança aos saltos. Tinha de estar a fazer isso continuamente. O dia-a-dia ali estava e ele tinha de se apressar para não ficar para trás.

Um dia o Mestre deu um ensinamento sobre a transmissão do Dharma e explicou alguns dos diagramas da transmissão. Um deles chamava-se dai ji ou "a questão crucial" e representava o background filosófico do Budismo Zen. O diagrama completo era muito bonito, começando no Buda Shakyamuni e passando por Dogen Zenji e chegando até ao tempo presente. Havia outro diagrama que continha a frase: "Aqui está o homem de ferro". Homem de ferro quer dizer uma pessoa que tem uma fé perfeita, um espírito que não olha para trás. Um homem de ferro é como uma montanha enorme. Esta primeira frase também significa que não há uma segunda frase. Esta primeira frase é a pureza integral, estar a um passo à borda de um precipício. Não é de esperar um segundo passo. Aquilo que temos de fazer é só dar aquele primeiro passo. Não há um passo a seguir ou um passo anterior. Se nos tornamos o homem de ferro, dizemos: "aqui estou". É um grande homem, que nunca se mexe. Não é uma outra pessoa, nada mais, apenas "aqui está".

Quando Kishizawa Roshi ouviu isto, as lágrimas correram-lhe pela face abaixo sem parar e depois queria pedir uma caligrafia do 'homem de ferro'. Contudo, receava pedi-la ao Mestre, pois fosse o que fosse que tentasse fazer, era sempre repreendido, nunca era aceite. Mas queria tanto a caligrafia que um dia decidiu pedir a um velho senhor, estimado pelo Mestre, para pedir a caligrafia em vez dele. Quando o velho senhor ia visitar o Mestre, este ficava muito satisfeito; mesmo que estivesse de mau humor, imediatamente sorria e falava com o amigo. Ao princípio o velhote estava um pouco hesitante, mas finalmente concordou. Assim, um dia, lá foi visitar o Mestre com uma garrafa de saké como presente. O mestre gostava muito de saké e massas. Portanto o velho foi vê-lo e disse-lhe: "Cá estou, vamos comer umas massas e beber saké." O mestre ficou muito contente e convidou-o a entrar. Começaram a beber saké e a comer as massas, e então, quando o mestre se sentia mesmo satisfeito, o velho senhor resolveu falar da caligrafia. Disse: "Roshi, gostaria que me fizesses uma caligrafia". O mestre disse: "Sim, claro, será um prazer fazer-te uma caligrafia. O que queres que escreva?" O velho respondeu que queria o 'homem de ferro'. Imediatamente, a face do mestre ficou carrancuda e disse: "Não é para ti; alguém to pediu, não foi?" "Sim", disse o amigo. "Foi o meu aluno, Ian Kishizawa, não foi?" O amigo admitiu que sim. Depois de proferir o nome do discípulo, o mestre fez uma pausa, a voz tornou-se mais baixa, lágrimas correram-lhe pelo queixo abaixo e disse: "O meu discípulo, Ian, amadureceu. Queria que eu lhe escrevesse 'homem de ferro'; é maravilhoso." Ao falar do homem de ferro, tinha penetrado profundamente no coração de Kishikawa de tal forma que as lágrimas lhe correram pela cara. O mestre percebeu e ficou à espera que ele viesse e expressasse a sua compreensão. A caligrafia que ele pediu através do velho senhor era na verdade a certificação da sua iluminação, e finalmente Kishikawa recebeu a transmissão do seu mestre. "

Dainin Katagiri Roshi (1928-1990), Returning to Silence
Imagem: 関 seki: portão, barreira
Tal como a cereja sobre o bolo, ou lá como isso se diz, dou uma espreitadela no meu blog favorito, e, como para completar o círculo, o último artigo da Evelyn fala de professores: "There's nothing mystical or lofty about the Master. He (or she) is simply someone who knows the difference between reality and his thoughts about reality. He may be a mechanic or a fifth-grade teacher or the president of a bank or a homeless person on the streets. He is just like everyone else, except that he no longer believes that in this moment things should be different than they are." E mais à frente, "I remember the first time someone brought me a cup of tea, I just melted with the splendor of it all. I had never seen a cup of tea before. I didn't know that we did that here. The man poured the tea, and my eyes began to overflow like the tea he was pouring. It was so beautiful, and there was such generosity in it. I felt so much love that I could only die into it, and just keep dying. There was no way to contain it, it was so huge. The tea poured in, an act of pure kindness, and the tears poured out of me in the same measure, received and pouring back, giving back to itself, not to anyone or from anyone. And no one could understand why I was sobbing. They all thought I was sad. There was no way I could explain how moved I was, and that it was this gratitude that was pouring out of me." (citado por Evelyn Rodriguez em a thousand names for joy)