terça-feira, outubro 24, 2006

Companheiros de Viagem

Esta tenho de agradecer ao Sagara, se não fosse por ele querer ver o filme este fim-de-semana, teria deixado passar a Verdade Inconveniente no cinema. Não me aborrece que o Al Gore apareça segundo alguns como o mítico herói americano que cai, levanta-se e vai salvar o mundo. O mundo bem precisa de heróis. Todos temos de ser heróis. Ou que, segundo outros, ele esteja a fazer pré-campanha eleitoral, isso não transparece no filme, mas de qualquer forma se estivesse, ainda bem! É cada vez mais necessária a consciencialização de que "estamos todos nisto", de que o que eu faço mexe com a vida do vizinho, mas também tem implicações planetárias. Robert Thurman, um praticante e erudito do Budismo tibetano, dá um bom exemplo de como a nossa própria felicidade está inextrincavelmente ligada com a dos outros. Ele sugere que imaginemos estar numa carruagem do metro cheia de gente – para o resto das nossas vidas! Esta imagem é muito poderosa ao mesmo tempo que muito simples. Naturalmente, algumas pessoas estão bastante contentes sentadas ali, a ler o jornal ou a comer umas sandes. Outras estão agitadas, preocupadas, ou zangadas por uma razão ou outra, criando muita tensão na carruagem. Atendendo a que estes são os nossos companheiros para toda a viagem e não simplesmente até à próxima paragem, qual é a actuação mais inteligente? O que trará a maior felicidade? Obviamente, se de alguma maneira podermos aliviar a aflição dos nossos companheiros de viagem, qualquer que ela seja, todos vão usufruir dessa atmosfera mais calorosa e harmoniosa. A nossa felicidade depende em sentido último da felicidade dos outros. Da mesma forma, as condições que criamos para este planeta são as condições que estamos a criar para todos, no imediato. A questão do aquecimento global nem sequer é algo que possamos passar como uma má herança para a geração seguinte. Vamos ter de lidar com ela já. Muitas vezes esquecemos que estamos nesta viagem juntos.

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