sexta-feira, outubro 13, 2006

Memórias...

Às vezes ainda penso em Bruxelas... Bruxelas está ligada ao meu filho ainda pequeno. Por isso penso em todos os lugares em que ia com ele, penso no Parvis de St Gilles, onde ia ao mercado de manhã comprar legumes e especiarias a italianos e árabes, penso nas lavandarias, onde se conheciam pessoas de todos os estilos, penso nas lojas italianas e na padaria portuguesa onde se compram pastéis de nata (aqui só tenho padarias portuguesas, mas não é a mesma coisa!), e penso nas braderies, quando as ruas se enchem de toda as velharias (e outras!) que as pessoas têm em casa e se fazem descobertas fabulosas, penso na biblioteca da livraria "esotérica" da Chaussée de Charleroi, onde durante um ano fui buscar livros praticamente de graça (entretanto a biblioteca acabou), penso na livraria de Banda Desenhada da Chaussée d'Ixelles, nos museus e nas galerias de arte, penso nas casas e arquitectura art nouveau , nos jardins um pouco por todo o lado (sem falar do Bosque!)... e nos canteiros na cidade... e penso que foi dos sítios onde fui mais feliz. Mas é verdade que quando os vivemos, esses momentos não nos parecem tão especiais. Somos bichos muito esquisitos.

9 comentários:

Anónimo disse...

Outro dia comentava com Matheus, meu miúdo não tão miúdo (11 anos), sobre a questão relativa.

Só sei o que é bom porque existe o ruim.

Só sei que existe o frio, pois um dia fez calor.

Quando se vive o momento, há algumas tensões naturais. Quando se relembra o momento, estas tensões não tem o menor nexo...

Wanderley

Anónimo disse...

Estava a esperar que voltasse a falar de alimentação para não parecer assim tão "out of topic", mas vamos ao meu pequeno relato...

Foi lá pelo ano de 1986 que tive o meu primeiro contato com o bicho vegetariano. Uma colega de trabalho era vegetariana e neste instante uma idéia se materializou:
- Existem de fato vegetarianos!!!
Engraçado, mas foi assim...

Nesta época comia carnes brancas e peixes. Vermelha, só para agradar sogra e mãe...

Quando em 1994 ficamos grávidos de Matheus (Malu e eu), conversamos sobre o fato de se ter um filho num ambiente vegetariano. Ela topou e daí começamos a nossa aventura. Muita leitura. A primeira foi sensacional. Um livrinho (em tamanho) chamado Mamãe eu quero de Sonia Hirch (ver site www.correcotia.com.br) foi nosso norte pelo resto da gravidez e primeiro ano de vida do filho.

De nosso lado, iamos tirando carne e substituindo por legumes, leguminosas, frutas e verduras. Livros de receitas, um novo vocabulário. Descobrimos alguns restaurantes e empórios em nossa cidade.

O filho só no leite materno até os 6 meses e aí a introdução de uma série de legumes, verduras de acordo com o consenso entre médico e nós.

Quando o Matheus fez 2 anos comemos nosso último pedaço de peixe - ficamos todos com uma alergia legal pelo corpo todo. Era o aviso: seu corpo já sabe o que não deve comer, basta o cérebro compreender e assim foi feito.

Cortar refrigerante (não sei o termo em português de Portugal) foi um custo. As vezes dava aquele Cold Turkey, entrava em um bar e pediu um... até que chegou o dia do adeus! Foi bom!

Continuava a ler, estudar... Lá por 2002 fazendo um curso de formação para professores de yoga (sou formado, mas não me vejo dando aulas - mal sei para mim, que dirá para os outros). Resolvi escrever um trabalho unindo Yoga e Alimentação. Foi muito bom, pois consolidou uma série de conceitos, me permitiu sistematizar idéias e passar adiante conceitos.

Iniciou-se a fase das palestras. Isto é muito bom, pois ai você adquire a consciência da importância de dividir com os demais aquilo que você conhece e leva uma mensagem simples e descomplicada para os outros.

Conheci muita gente do meio vegetariano e conheci o meu primeiro vegan. Ainda não sou um vegan de fato, assalto a geladeira em busca de uma muzzarella ou de um requeijão, mas ovos somente se estiver misturado lá na massa da torta ou do bolo, pois pegá-lo nas mãos e fazer um ovo qualquer não é mais uma atitude que faço há algum tempo.

Quanto ao leite, a minha rinite tem agradecido demais o fato de ter diminuido drasticamente. Estou voltando a respirar e mais do que isso, voltando a ter olfato.

Em 2004 para 2005 conheci o meu primeiro crudivorista. Um senhor de uns 40 anos ligado aos Essênios e Biogênia. Os conceitos que ele me apresentou ainda soavam estranhos, de difícil compreensão.

Precisei de quase 2 anos para ir aumentando o meu conhecimento e com isso passar a entender:
- enzimas
- morte das células
- necessidade de permitir ao corpo desintoxicar antes da próxima refeição
- alimentar-se em qualidade e não quantidade
- sabor não é tudo, é quase nada perante a qualidade de um alimento - claro que o sabor é importante para que queiramos repetir a experiência, mas não pode em absoluto reger nossas escolhas

Hoje estou fazendo um curso via internet de Nutrição e Dietética sobre textos escritos pela Universidade Espanhola. Apesar de o curso estar ligado à forma onívora de se alimnetar, tenho aprendido muita coisa, visto que apesar da posição onívora eles colocam uma série de conceitos importante do uso e abuso de frutas, legumes e verduras.

O processo continua. Meio caótico, pois vivemos em sociedade e nem todas as pessoas no entorno próximo ou longinquo aceitam uma diéta assim.

Uso hoje muito do veganismo, algumas coisas o crudivorismo. Continuo com o ciclo de palestras, que como um ser vivo vai se modificando através dos tempos, platéia, pessoas e conhecimento.

Meu filho hoje com 11 anos é vegetariano, come pouquíssimo doce se comparado com outros de sua idade. Se alimenta de tudo um pouco e agora está aprendendo a comer os germinados e brotos colhidos diretamente dos frascos que ficam durante a noite trabalhando grão e água no milagre da vida.

Wanderley

chumani disse...

bem, Wanderley, que lição! muito obrigada :) descobri agora que tinha vários comentários a aguardar a minha aprovação para serem publicados! :) não sabia que isso poderia ser assim; por outro lado talvez não seja pior, para evitar o spam! mais uma vez obrigada, Wanderley! Um abraço

chumani disse...

e não se esqueça, se resolver voltar a visitar Portugal, ficamos à espera de uma palestra :)

Anónimo disse...

sabe que esta idéia já me passou pela cabeça...
o dia em que for, eu comento e a gente marca com certeza!
o problema vai ser o palestrista falar com um carregado sotaque de novela

wanderley

chumani disse...

bom, ficamos à espera ansiosamente :)
agora, o sotaque de telenovela é coisa que não nos incomoda :)

I.Maia disse...

uau, adorei conhecer a sua historia. tb sou semi-vegan - ovos nos bolos é dificil evitar qd naos somos nos a cozinha-los e queijo na comida vegetariana qd se vai comer fora tb é comum.
adorei as suas memórias de bruxelas. identifiquei todos esses locais, pessoas e sensações. só cá estou há 2 meses e meio, mas já tenho noçao do qt irei sentir falta de tudo isso se um dia me for embora, pq sao coisas q de facto tocam a alma profundamente pela sua simplicidade e unicidade.
um abraço amigo :)

chumani disse...

um abraço amigo também

Anónimo disse...

^Nunca apague essas recordações da sua memória! :D