sábado, julho 29, 2006

Receitas de Tofu


Caril de tofu com legumes

cerca de 500 gr. de tofu
75 gr. de feijão verde
2 colheres de sopa de óleo
50 gr. de cebola picada
3-4 dentes de alho
1 colher de chá de gengibre ralado
½ colher de chá de piri-piri em pó
1-2 malaguetas verdes, picadas
¼ de colher de chá de açafrão-das-índias
¼ de colher de chá de garam massala
1 colher de chá de sal
50 gr de tomate picado
100 gr de cogumelos
½ colher de chá de açúcar
1 colher de sopa de iogurte natural magro
2 colheres de sopa de folhas de coentros, picadas

Pode optar pelos legumes que quiser.

Aqueça o óleo num tacho médio e aloire a cebola.
Junte o gengibre, o piri-piri, açafrão, garam massala e sal.
Frite apenas uns segundos.
Adicione o tomate, pimento encarnado e cogumelos, mexa e deixe cozer uns cinco minutos.
Junte o tofu, alho, malagueta verde, açúcar e iogurte. Deixe cozer mais uns 5-7 minutos.
Deite as folhas de coentros e deixe ferver mais uns minutos.

Variante rápida:
Utilize caril pré-cozinhado, junte natas de soja e creme de coco.

Opcional: pode juntar cebolinho ou coentros picados


Legumes salteados com tofu

1 colher de sopa de shoyu
3 colheres de sopa de vinho branco seco ou sumo de limão
Gengibre ralado ou cortado fino
2 dentes de alho esmagados
250 gr de tofu
2 colheres de sopa de óleo de sésamo
1 cebola cortada às rodelas ou às lâminas
175 gr de ervilhas de quebrar
1 pimento vermelho cortado em tiras finas
500 gr de rebentos de soja
2 colheres de sopa de sementes de sésamo grelhadas


Juntar num recipiente o shoyu, o vinho branco (ou limão), o gengibre e o alho, juntar depois o tofu em cubos e deixar marinar; reservar o molho.

Aquecer o óleo num wok, saltear o tofu 2 minutos e retirá-lo. Juntar mais um pouco de óleo, se necessário, e alourar a cebola. Juntar as ervilhas de quebrar (no curso usámos cenouras cortadas em palitos muito fino), o pimento e deixe saltear 2 minutos. Juntar os cogumelos previamente salteados com molho de seoja (usámos cogumelos shitaké), os rebentos de soja, a marinada e deixe saltear mais 2 minutos.
Junte ao tofu e sirva num prato de serviço quente, salpicado com as sementes de sésamo (na verdade, desta vez usámos cebolinho).


Todos os legumes utilizados neste curso são biológicos, e foram fornecidos pela Raízes. Também fizemos uma salada de tomates com manjericão, e como cereal, quinoa.

Biologicamente falando


Antes do curso de cozinha vegetariana de hoje à tarde, fomos tomar um chá gelado à Rota do Chá, do Artes em Partes, passámos depois pela Biologicamente, onde decorria uma degustação de um novo vinho verde (que não tivemos tempo de provar) e de biscoitos e bolachas artesanais e... onde se poderia admirar (é mesmo assim) os legumes cultivados pelo Pedro e pela Sarah (que aparecem nas fotos!).

quinta-feira, julho 27, 2006

A mente que procura

De repente, bateu-me! daqui a quinze dias estou a voar para Nova Iorque. Via Paris. Adoro aviões, adoro viagens. E não, não vou a Nova Iorque por causa das galerias, dos museus, para passear na 5.ª Avenida (ou lá onde é in passear) - embora não tenha nada contra isso e reservei uns diazitos para o turismo da praxe. Vou fazer um retiro. No Garrison Institute. Não tem um ar fantástico?

Vou participar no retiro de Adyashanti, um professor originário de S. Francisco... uma das minhas cidades-mito. Pois, sou assim, quando toda a gente pensa em ir à Índia e ao Tibete, eu penso em S. Francisco! Já me perguntaram o que há de tão extraordinário com este professor que me leva a atravessar o Atlântico para o ir conhecer. Pois, quando voltar, espero responder melhor a isso. Mas para começar, embora tenha praticado Zazen (a professora dele foi discípula de Maezumi - como o mundo é pequeno!) durante 15 anos, no final, transcendeu a própria linguagem do Zen e fala da "experiência" (a tal!) com palavras que estão para além das frases feitas.
O poema que escreveu depois de despertar:

Hoje acordei, finalmente vejo que o Eu voltou ao Eu.
O Eu nada é mais do que o Eu.
Sou imortal, sou infinito, estou livre.
Os pássaros cantam lá fora e aqui estou eu.
Olhar as folhas das árvores, esse olhar sou eu.
O corpo respira, eu sou o respirar.
Estou desperto e sei que estou desperto.
Ao ver com o antigo olhar, tudo está adormecido,
tudo é jogo, ilusão.
Mas agora estou desperto.
Sou a jogada, sou o jogo, sou a ilusão.
Sou a iluminação por que ansiava, procurando por todo o lado.
Nada está separado, nada está só.
Sou tudo o que vejo.
Tudo o que cheiro, provo, toco, sinto e sei.
Estou desperto, e este despertar é o mesmo do Buda.
Hoje a folha volta à raiz.
Sou todo nome e forma e para lá do nome e da forma.
Sou Espírito, deixei de ser prisioneiro de um corpo.
Sou livre. Sou livre porque acordei.
Tão vulgar.
Quem haveria de pensar?
Quem poderia adivinhar?
Estou em casa.
Cheguei mesmo a casa.
Dez mil vidas.
Dez mil vidas mas hoje estou em casa.
Dez mil vidas mas hoje estou em casa.
Isto não é uma experiência.
Isto sou eu.
Despertei. Finalmente, despertei.
Nada mudou, mas despertei.
Provei a raiz muitas vezes e sentia...?
Que delícia.
Hoje tornei-me a raiz.
Que vulgar.


Mas ao mesmo tempo, sei isto muito bem (até fiz a revisão da tradução para português!):

"Que pena as pessoas ignorarem o que está próximo
e procurarem a verdade no longínquo,
como alguém mergulhado na água
lamentando-se com sede,
ou uma criança de uma casa abastada
vagueando entre os pobres."

(embora o verso não seja para interpretar literalmente, claro)

Mas quando disse isso a alguém que ia procurar a verdade "no longínquo", claro que obtive a resposta esperada: "sim, mas em Portugal..."

Pois, um dilema, não é? Como eu, muitos budistas da minha geração "emigraram" para procurar a via noutras paragens. E no fundo, faz parte do caminho. Procurarmos a gruta, o professor, o mosteiro, e descobrirmos que sempre trazíamos tudo connosco - mas o percurso faz parte do caminho :)

A fotografia de Adyashanti é do site do Regent Theatre, mas suponho que usaram uma foto fornecida pelo sangha http://www.adyashanti.org/

ontem...

Ontem só ficaram imagens, rápidas, pois os sentimentos, o riso e alegria não são fáceis de transmitir, hoje fica só mais uma, da Ingrid e do Ngawang Guendun, duas pessoas lindas; é incrível como se está bem com a Ingrid!
E a descrição de um episódio dos ensinamentos, registado pela Isabel: Foi a propósito do jogo final de futebol entre França e Itália. Parece que um jogador italiano disse alguma coisa ao Zidanne que o fez responder com a famosa cabeçada que lhe deu a expulsão, não é? (espero que seja assim, porque eu não vi o jogo). Isso aconteceu porque o jogador não conseguiu controlar a emoção negativa que sentiu, neste caso a raiva; a piada está que para Jigmé Rimpoché o diálogo bem que poderia ter sido traduzido pelo seguinte: Jogador italiano - «Tu jogas mesmo muito bem, Zidanne. É difícil ganhar esta partida contigo. Importas-te de te ir embora?» E Zidanne respondeu -«Ah, com certeza!»

quarta-feira, julho 26, 2006

Foi hoje!













ver o comentário do Luís em http://barrazen.blogspot.com/2006/07/jigm-khyentse-rinpoch_29.html

Não é fantástico?



Estes são os legumes biológicos que o Pedro e a Sara nos vieram trazer hoje de tarde - oferecemos um jantar a Jigmé Rinpoché depois do ensinamento de hoje na UBP. Acabadinhos de tirar da horta, e com o sabor da nossa infância. O cesto era enorme!

Ficamos fãs das Raízes!

terça-feira, julho 25, 2006

leitura de autocarro

nothing special
leio cada coisa no autocarro!: "O facto é que para quase todos nós, as nossas vidas não estão a funcionar. Até nos comprometermos seriamente com uma prática, a nossa visão básica da vida, geralmente conserva-se intacta. Na verdade, a vida continua a irritar-nos e até se torna pior. Uma prática séria é necessária se queremos ver para além da falácia que está na origem de toda a acção, pensamento e emoção humanos."

A mente no laboratório




Aqui há uns tempos, falou-se muito das experiências feitas com praticantes budistas em estados de meditação, mas só agora estou a ler mais detalhadamente sobre o tema e sobre os testes realizados.

Na sequência dos diálogos que se têm vindo a realizar anualmente em Dharamsala entre um pequeno grupo de cientistas ocidentais e o Dalai Lama, tornou-se cada vez mais evidente que se poderia ir mais longe do que simplesmente dialogar. A ciência ocidental tem ajudado a lidar com as emoções destrutivas através essencialmente da medicação. No Budismo, considera-se que o treino da mente, sobretudo através da prática da meditação, é o antídoto por excelência, o método que permite trabalhar a vulnerabilidade da mente às tais emoções destrutivas ou perturbadoras (que podem ser definidas muito simplesmente como as emoções que causam sofrimento, a nós e aos outros).

Nas primeiras experiências, um monge budista foi testado nos vários tipos de meditação integradas no sistema do budismo tibetano:

- a concentração unidireccional, a meditação com um objecto de suporte (o método usado por todas as escolas budistas com todos os principiantes - geralmente usa-se a respiração, uma imagem, uma luz, neste caso o monge escolheu uma pequena porca do aparelho de IRM que estava por cima dele)
- meditação sobre a devoção e a compaixão, em que a bondade dos mestres serve de modelo
- a meditação sobre a audácia, que envolve "trazer à mente uma certeza destemida, uma confiança profunda que nada consegue perturbar, decidida e firme, sem hesitações, na qual não nos opomos a nada e entramos num estado em que sentimos que, independentemente de tudo o que possa acontecer, não temos nada a ganhar nem a perder"
- a presença aberta, ou "estado aberto", um estado de atenção ou vigília livre de qualquer pensamento, no qual a mente fica "aberta, vasta e consciente, sem qualquer actividade intencional. A mente não está concentrada em nada, mas está totalmente presente, não de uma forma focalizada, mas simplesmente muito aberta e sem quaisquer distracções. Os pensamentos podem começar a aparecer com pouca força, mas não se encadeiam em pensamentos mais demorados, acabando simplesmente por se desvanecer".

A primeira constatação, é que o monge submetido ao teste conseguia regular voluntariamente a sua actividade mental, o que contrasta evidentemente com a maior parte dos sujeitos sem treino a quem é dada uma tarefa mental - o comum dos mortais não consegue concentrar-se exclusivamente numa tarefa, logo, os resultados apresentam muito "ruído" misturado com os sinais que demonstram as tarefas mentais voluntárias. Através das estratégias de meditação que usava, o monge conseguia alterar as grandes redes do cérebro de forma demonstrável. Alterações tão nítidas da actividade cerebral entre diferentes estados de espírito são uma excepção.

A segunda constatação é que, em estados meditativos sobre a compaixão, por exemplo, a actividade do lado esquerdo do cérebro associada às emoções agradáveis e positivas era aumentada (pessoas tristes ou depressivas, por exemplo, têm um nível de actividade mental mais elevada na zona pré-fontral direita). Aparentemente, a preocupação pelo bem-estar dos outros cria um estado de bem-estar mais elevado na própria pessoa, o que vem de encontro à ideia budista de que somos os primeiros beneficiados com a nossa generosidade e altruísmo. É de registar que estas experiências têm um carácter pioneiro a nível da investigação ocidental, pois frequentemente o método científico tem sido usado para analisar as emoções negativas, a depressão, a ansiedade, etc., e não se tem concentrado em tentar "perceber" o lado positivo da mente humana.

Outra componente interessante destes testes relacionava-se com a identificação de emoções: o desafio aqui é identificar emoções universais (identificadas por qualquer indivíduo, independentemente da cultura) em rostos que permanecem num ecrã durante um quinto de segundo. A capacidade de identificar emoções como o desprezo, a ira ou o medo, reflecte a nossa capacidade de empatia. Através de experiências realizadas em milhares de pessoas, tinha-se chegado à conclusão de que as pessoas que melhor reconhecem estas expressões (que passam muito rapidamente, decorrendo fora do campo da nossa consciência), estão mais abertas a novas experiências e mostram-se mais interessadas e curiosas sobre as coisas em geral. Também são consideradas pessoa fiáveis, conscienciosas, eficientes. Os "nossos monges" obtiveram resultados acima da média, acima mesmo de "especialistas" como polícias, advogados, psiquiatras e agentes de serviços secretos (considerados até ali os melhores).

Finalmente, os resultados de uma outra experiência foram considerados realmente espantosos. Há um reflexo que ninguém consegue "disfarçar", o reflexo do susto. Quando ouvimos repentinamente um barulho ensurdecedor, ninguém consegue controlar intencionalmente os sinais físicos correspondentes à surpresa ou ao susto. Por outro lado, a intensidade do reflexo do susto indica a magnitude das emoções negativas, como o medo, a raiva, a repugnância. Em testes de laboratório, ninguém conseguira reprimir esse reflexo. Usaram o disparo de uma arma para a experiência, um barulho que assusta qualquer um, mesmo atiradores da polícia bem treinados. O monge praticou dois tipos de meditação durante o teste, a concentração unidireccional e o estado aberto. Segundo ele, durante o estado aberto, o som explosivo pareceu-lhe ser mais suave, como se estivesse distanciado das sensações, a ouvir o som muito ao longe. Durante esse estado, não houve um mínimo reflexo facial, embora as medições a nível fisiológico demonstrassem algumas alterações ligeiras. Durante a concentração unidireccional, em vez do salto usual, houve uma diminuição da frequência cardíaca, da tensão arterial e das outras medições... Por outro lado, os músculos do rosto reflectiram algumas das modificações típicas do reflexo do susto, embora muito ténues. Dado que quanto mais uma pessoa se assusta, maior tendência tem para sentir emoções perturbadoras, estes resultados são considerados realmente espantosos, pois sugerem "um nível de serenidade emocional impressionante".

Outra experiência interessante, foi "confrontar" o monge budista com duas pessoas de ideias muito diferentes, embora essas duas pessoas fossem de caracteres opostos entre si. Um deles era muito afável e tolerante, o outro era difícil e contundente. Nos dois casos, a fisiologia do monge conservou-se sem alterações, embora as suas expressões faciais fossem diferentes - o monge sorriu com mais frequência ao falar com a pessoa mais afável (evidentemente). Nesta caso, os dois sorriam e entusiasmaram-se de tal forma com a discussão que não queriam parar. No segundo caso, a pessoa "difícil" mostrava um grande nível de excitação emocional. No entanto, essa excitação foi diminuindo e no final disse: "não consegui entrar em confronto. Deparei sempre com a voz da razão e com sorrisos; é impressionante. Senti algo, semelhante a uma sombra ou uma aura, e não consegui ser agressivo". Ou seja, ao interagir com alguém que não reage à agressão, só há vantagens.

Estes resultados, considerados extraordinários, deram lugar a um novo projecto, que se concentraria sobre pessoas "extraordinárias": pessoas que emanam bondade e em que há uma transparência entre a vida pública e privada, pessoas altruístas e inspiradoras por não darem importância ao estatuto e à fama, pessoas com uma forte presença pessoal, que encoraja os outros. O objectivo destas pesquisas não é demonstrar que este monge, ou quais quer outras pessoas que venham a ser alvo de testes, são "extraordinários" em si mesmos, mas sim alargar as suposições que esta área de estudos faz acerca das possibilidades humanas. Ou seja, procurar as razões da felicidade e não as do sofriemnto. Um mundo aberto.

Livro consultado: Emoções Destrutivas, e como dominá-las, de Daniel Goleman, Temas e Debates


Para a colagem do gráfico acima usei como base duas reproduções das obras magníficas de http://www.vijali.net/

quinta-feira, julho 20, 2006

as it is outside, so it is within the body

Não tenho tido muito tempo para "escritas", pelo menos estas online, ando completamente imersa na astrologia, pois encomendaram-me um tema (e entretanto tenho já outro à espera). Pois, não dá mesmo para explicar a minha paixão pela Astrologia (a minha oposição Sol-Úrano?). Na verdade, desde sempre achei os livros de astrologia fascinantes, talvez porque conhecer o mistério do ser humano seja o que verdadeiramente me atrai, mas ao mesmo tempo tinha muitas reservas. Aquela coisa do pensamento racional, etc. Afinal, sou ascendente Virgem, não é? Mas para além de todas as reservas, tenho um lado muito prático, e se uma coisa funciona "experimentalmente"... convence-me.

No entanto, a astrologia, como qualquer arte preditiva, pode ser uma caixa de Pandora, a manusear com muita cautela, ia a dizer sabedoria, e eventualmente a não abrir.

Parece-me que a diferença fundamental entre astrologia oriental e ocidental é que a oriental continua a concentrar-se essencialmente nas previsões, enquanto a ocidental tornou-se essencialmente um caminho de auto-conhecimento, com o apoio de outras disciplinas, nomeadamente a psicologia (sobretudo na sua componente jungiana), a mitologia, a alquimia, etc. Por isso mesmo prefiro a ocidental. Os meus autores preferidos são Howard Sasportas, Liz Greene, Robert Hand e Stephen Arroyo (o primeiro livro de Astrologia que li, foi Astrologia, Karma e Transformação), que trazem muito desses campos para a astrologia. Para quem não saiba, o conhecimento da astrologia no Budismo Tibetano baseia-se no Kalachakra Tantra.

segunda-feira, julho 17, 2006

Ligações biológicas

sítios para ir espreitar...
http://raizesblog.blogspot.com/
http://www.sargacal.com/
http://www.mimos.pt.vu/

Fim-de-semana vegetariano

Este fim-de-semana iniciámos o curso de cozinha vegetariana - aqui está a receita do Cuscuz:

Cuscuz de Sete Legumes
p/ 4-6 pessoas

Ingredientes:
500 gr. de cuscuz
2 dentes de alho
2 cebolas médias
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de margarina
2 paus de canela
2 colheres de sal grosso
2 colheres de chá de pimenta preta moída na altura
1 malagueta
½ colher de chá de açafrão
½ colher de chá de curcuma ou paprika
Salsa
Coentros
4 cenouras
3 nabos pequenos
3 courgettes
1 beringela
3 tomates
Grão-de-bico (opcional, faz parte da receita tradicional)

Para o seitan:
Seitan, azeite, cominhos, molho de soja

Refogado de legumes: picar o alho, cortar as cebolas em lâminas. Levar o azeite e a margarina ao lume e juntar a cebola, o alho, os tomates, os paus de canela, o sal, a pimenta, a malagueta, o açafrão, a curcuma (ou paprika), salsa e coentros. Juntar os legumes, primeiro as cenouras e os nabos. Juntar água. Juntar as courgettes e beringelas (opcionalmente, juntar o grão-de-bico). E mais água se for necessário (é suposto ficar com bastante molho pois o cuscuz é um cereal muito seco).

Entretanto o cuscuz coloca-se num recipiente largo, junta-se sal e um pouco de azeite. Junta-se a mesma quantidade de água a ferver (convém medir o cuscuz antes). Depois de o cuscuz absorver a água, separa-se os grânulos de cereais com os dedos. Vai a cozer a vapor, num passador.

O seitan corta-se às lascas ou em pequenos palitos, salteia-se no azeite, junta-se um pouco de sal, cominhos (muitos!) e molho de soja.

sexta-feira, julho 14, 2006

Yin e Yang

Hoje estou a preparar a parte teórica do curso de cozinha vegetariana que vai começar amanhã. A cozinha como via espiritual é certamente um ponto essencial, pois para mim é uma prática "viva", mas há alguns conhecimentos que utilizávamos para fazer os nossos menus em Bruxelas que continuo a achar importantes.


É muito simples, trata-se de equilíbrio... de equilíbrio entre Yin e Yang, um conceito essencial na filosofia oriental chinesa, equilíbrio entre cores e sabores, texturas. Yin e Yang são pares complementares, não forças opostas (temos a tendência a levar as nossas dicotomias ocidentais para o pensamento oriental, e não funciona!) e os nossos "problemas" e doenças são vistos na filosofia oriental como um desiquilíbrio entre estes dois pares.

Ciclos Naturais Yin e yang podem ser claramente vistos na natureza com a mudança das estações: a estação yang traz o nascimento na Primavera e o crescimento no Verão. A fase Yin do Outono e do Inverno é a época de declínio que vai levar ao recomeço.

Características Yang: Potencial, Electricidade, Cima, Fora, Quente, Seco, Luz, Sol, Primavera, Verão, Madeira, Fogo, Macho, Espaço, Cores luminosas, Actividade, Claro, Positivo, Vida

Características Yin: Manifestação, Magnetismo, Baixo, Dentro, Frio, Húmido, Escuro, Lua, Outono e Inverno, Terra, Metal, Fêmea, Tempo, Cores escuras, Passivo, Repouso, Negativo, Morte

Alimentos Yin e Yang
Os alimentos pertencem a três categorias; yin, yang ou neutros (embora para sermos mais correctos deveríamos dizer alimentos “predominantemente” yang, alimentos “predominantemente” yang, etc., pois na verdade não há algo que seja só yang ou só yin). O termo yin ou yang refere-se aqui a se os alimentos são “frios ou “quentes”. Estas caracterísiticas não se referem contudo à temperatura, ao sabor ou forma de cozinhar. Relacionam-se com uma essência mais profunda da natureza dos alimentos. Podemos assumir que todas as bebidas são “frias”, contudo a cerveja é, mas o brandy não. Para uma cozinha equilibrada, deveria haver 3 partes yang e 2 partes yin.

Aqui está uma lista de alimentos:

Alimentos YIN - Amêndoa, maçã, espargos, bambu, banana, cerveja, bróculos, espinafres, couve, aipo, milho, feijão de soja, farinha de milho, pepino, uvas, mel, gelado, limão, laranja, ananás, morangos, cogumelos, tomates, ostras, chá de menta, sal, açúcar branco, pato, peixe, caranguejo, camarão, água.
Alimentos YANG - Pimenta preta, pimenta verde, açúcar escuro, manteiga, manteiga de amendoim, amendoins torrados, queijo, bife, fígado de frango, piri-piri, chocolate, café, ovos, peixe fumado, alho, ganso, fiambre, borrego, coelho, cebola, batata, wiskhy, vinho.
Alimentos neutros - Pão, cenouras, cerejas, frango – carne do peito, tâmaras, leite, pêssegos, ervilhas, ameixas.

terça-feira, julho 11, 2006

Amor e Gratidão

Já há algum tempo que se fala das mensagens da água "descobertas" pelo Dr. Masuru Emoto. De acordo com as experiências dele, a água reage a palavras, emoções, sentimentos, orações, música etc., formando cristais lindíssimos quando as palavras ou emoções são positivas e formando padrões desarmoniosos (ou não formando nada) quando são negativas. Quando pensamos que somos uma coluna de 70% de água em movimento, é interessante... Ontem desfolhei o livro dele na Fnac. Parece que a combinação de palavras mais forte e positiva é "amor e gratidão". Embora a palavra amor só por si já seja muito forte, a combinação das duas dá um resultado extraordinário.

Uma das experiências realizadas, foi a de acompanhar o crescimento de sementes com palavras positivas, negativas... ou ignorando-as. O pior resultado é obtido quando.. se ignora as sementes. Apodrecem rapidamente. Ou seja, mais vale uma energia, mesmo negativa, do que a indiferença. Interessante, não? Os mais inclinados para o lado da ignorância da família de Buda, têm trabalho pela frente!

Mensagens positivas podem assumir muitas formas, tenho-me deliciado com as criações de PaPaya e de Sabrina. No final da história que conta no site dela, Sabrina refere Elizabeth Sunday: "Acredito em mim. Acredito na minha visão, na minha vida, no meu talento, na minha arte, mais do que qualquer um. Ninguém me pode tirar isso."

domingo, julho 09, 2006

De que é que eu preciso para ser feliz?


O site da Sharon Salzberg é lindíssimo e só apetece ver mais coisas - acabei por me deter no Generosity's Perfection, a Perfeição da Generosidade, um artigo publicado no Shambala Sun em 2005. A pergunta a fazer, sempre, é "de que é que eu peciso para ser feliz?" Se nos guiarmos por essa pergunta, muitos sentimentos ou emoções ou pensamentos podem surgir, mas frequentemente, vamos compreender que só a verdade nos fará feliz.

Ao tentar falar da Verdade, da Realidade, da verdadeira natureza das coisas, geralmente acaba-se por dizer que está para além da linguagem humana, que a Realidade não pode ser descrita por palavras. Ao longo dos tempos, tem-se falado do que não pode ser descrito definindo-o por aquilo que não é (neti, neti, para os hindus), por aquilo que é (usando qualidades positivas), ou através de um convite, um convite à experiência. A esta terceira forma de conhecimento Spencer Brown chama injunção: é comparável a formas de arte práticas como a arte culinária ou a música, em que o sabor de um bolo, o som de uma melodia, embora literalmente indescritível, pode ser passado a outra pessoa na forma de injunções a que chamamos receita ou partitura."

Como se dá tanta ênfase no Budismo a palavras como desapego, renúncia, e fala-se tanto de sofrimento, insatisfação, não-eu, vacuidade, esquecemo-nos por vezes que na verdade estamos a falar de um convite, estamos a falar da experiência da felicidade e da liberdade. Estamos a falar de abertura, alegria e generosidade. Nas palavras do Buda:

"Tal como o imenso oceano tem apenas um sabor,
o sabor do sal,
da mesma forma os meus ensinamentos têm apenas um sabor:
o sabor da liberdade"

sábado, julho 08, 2006

O diamante no bolso


O filhote vai trabalhar pela primeira vez, um trabalho de Verão (não, não vou fazer exploração de trabalho infantil, ele tem os seus projectos próprios!). O meu conselho "de mãe": não deixes que te calquem, não deixes que abusem de ti, se não estiveres contente, vem-te embora. Não estamos aqui para ser infelizes.

Tantas vezes aguentamos, cerramos os dentes, porque achamos que "tem que ser". Não tem que ser, não temos de sofrer. Tem de haver outras soluções mais criativas.

O último livro da Gangaji começa com a história de um ladrão de diamantes, um ladrão muito refinado, que só roubava os melhores e mais perfeitos diamantes. Um dia, nas sua ronda pelas lojas de diamantes, viu um mercador comprar o melhor, o mais bonito e mais puro dos diamantes que já tinha visto. Andou a rondar o mercador e seguiu-o durante três dias. Aplicou toda a sua arte, mas não conseguiu roubar o diamante. Aliás, nem conseguiu perceber onde o mercador tinha escondido a pedra. No final dos três dias, vencido mas curioso, foi falar com o mercador. Explicou-lhe que era o melhor e mais célebre ladrão de diamantes do mundo. Tinha-o observado a comprar um lindíssimo diamante. Embora tivesse usado de todos artifícios da sua arte, não tinha conseguido localizar a gema. Onde é que a tinha escondido?

O mercador respondeu: "Bem, vi que me observavas na loja de diamantes, e suspeitei que fosses um ladrão. Então escondi o diamante num sítio em que nunca o procurarias: no teu bolso!" E tirou o diamante do bolso do ladrão.

Em muitas tradições há histórias que contam que sempre tivemos o tesouro connosco, um tesouro que durante éons e éons procurámos "lá fora". Ontem ouvi alguém a falar de outra pessoa como se fosse o próprio salvador a quem tem de obedecer "cegamente". À volta de certos professores brota (não sei se por geração espontânea) um séquito de adoradores. Só pode querer dizer que as pessoas pensam que o professor tem o diamante. Um bom professor ensina que o diamante está no nosso bolso, que sempre esteve aí.


Aquilo de que frequentemente não se fala, é da consciência inerente, livre, viva, alegre, que não pode ser ensinada. Gangaji

sexta-feira, julho 07, 2006

Uma oferenda dos sentidos


Em "Afrodite", Isabel Allende serve-nos os ingredientes dos prazeres da boca... e dos desejos da cama. Podemos provar uma carta de Anaïs Nin sobre a essência do erotismo ao mesmo que descobrimos o simbolismo dos frutos proibidos.

No México, uma pessoa "excitada" está "como água para chocolate"... e é esse o nome de uma história inesquecível (de Laura Esquivel), em que o amor é feito de uma espiritualidade mágica que reúne mel, amêndoas, piri-piri, pétalas de rosa e milho.

Vianne Rocher (Juliette Binoche no tal filme ) faz deslizar pimenta nas taças de chocolate quente – uma combinação que recua até aos Aztecas - ao mesmo tempo que instiga subtilmente os habitantes de uma pequena povoação francesa a (re)descobrir o picante da vida.

A minha história favorita sobre esta ligação entre a vida, a espiritualidade e a comida, talvez ainda seja A Festa de Babette. Nesta história, os aldeãos de uma localidade norueguesa afundam-se em histórias mesquinhas e passam completamente ao lado da plenitude e da abundância da vida. A arte de Babette - um desfile de descobertas sublimes para os sentidos - reconciliam-nos com a vida e com eles mesmos. A festa de Babette fá-los experienciar algo apenas vislumbrado nos hinos mas nunca vivido nos corações. Uma interrogação crucial para muitos de nós - sou realmente perdoado? - obtém finalmente uma resposta apaziguadora.

Não sei se este meu lado um tanto "epicúrico" se reconcilia verdadeiramente com o estoicismo da via Zen das Instruções para O Cozinheiro do Dogen. Na verdade isto faz-me lembrar a conjunção Júpiter-Saturno que tenho na casa V. E contudo, faz sentido. Para Bernie Glassman, preparar o menu é preparar o menu da vida, a "refeição suprema". Mas voltando a Dogen.

Depois de uma viagem marítima até à China, muito perigosa e atribulada, à procura de um verdadeiro mestre, Dogen foi forçado a permanecer no barco para ser inspeccionado pelos oficiais chineses. Um dia veio ao navio um respeitável monge chinês, o tenzo (cozinheiro) de um mosteiro. Impressionado pela presença do monge, Dogen fez-lhe a seguinte pergunta:

"Por que é que um venerável monge como o senhor desperdiça o tempo a trabalhar duramente como cozinheiro? Porque é que, em vez disso, não pratica meditação e estuda as palavras dos mestres?"

O cozinheiro desatou a rir. "Meu amigo estrangeiro, claramente, ainda não entendeu o que é a prática Zen. Quando tiver a oportunidade, venha visitar-me ao mosteiro e discutiremos estes assuntos mais completamente." Dogen foi realmente visitar o mestre cozinheiro. Mais tarde, de volta ao Japão, Dogen tornar-se-ia um célebre mestre Zen (fundador de uma das escolas Zen que persistiram até hoje, a escola Soto). Nunca esqueceu as lições do mestre cozinheiro. Escreveu que era dever do cozinheiro Zen preparar a melhor e mais sumptuosa refeição com os ingredientes que tivesse à sua disposição, mesmo que esses ingredientes fossem água e arroz. Preparar uma refeição é uma metáfora para a vida. Uma oferenda para os outros e para nós mesmos.

quarta-feira, julho 05, 2006

A pedido de várias famílias... :)





Curso de Vegetarianismo
Primeiras sessões:
Sábado 15 de Julho, às 17h30
A cozinha como via espiritual
Alimentação vegetariana – introdução teórica
Como confeccionar o seitan
Preparação e degustação de um prato vegetariano completo
Sábado 29 de Julho, às 17h30
Alimentação vegetariana – introdução teórica
Como confeccionar o tofu
Preparação e degustação de um prato vegetariano completo

Formadora: Margarida Cardoso. Praticante Budista desde 1985, trabalhou durante cerca de 7 anos em cozinha vegetariana e pastelaria dietética nos restaurantes Pirâmide (Porto), Tsampa e Paradoxe (Bruxelas), pertencentes à Escola do Budismo Tibetano Ogyen Kunzang Chöling; geriu o restaurante biológico L’Autre Table, na Maison de l’Écologie, em Namur.

Preço por sessão €25 (inclui a refeição)
Local: Rua da Restauração, 463, 2.º Porto
Inscrições e informações: tlm 917088371 ou por email

terça-feira, julho 04, 2006

A inutilidade do sofrimento



Citei anteriormente María Jesús Reyes, uma psicóloga de língua espanhola autora de um livro que está a ser um sucesso em Portugal, editado pel'A Esfera dos Livros, A Inutilidade do Sofrimento. Basicamente, diz que muito do nosso sofrimento é criado pelos nossos pensamentos e que tomar consciência dos nossos padrões negativos de pensamento (mindfulness) é meio caminho andado para uma vida mais feliz... depois, claro, há aquilo a que os budistas chamam "o treino da mente"... E pelo que se vê por aí, estamos todos a precisar de aprender a viver. Devia haver uma escola, desde pequeninos, para isso, uma escola para aprender a ser feliz.... ou para não nos esquecermos de ser felizes.




Desde sempre, desde criança, sabia que havia algo em mim que se poderia chama "Alegria", um espaço aberto, de confiança, risos e cores luminosas. Depois, claro, passava por fases em que parecia que tinha esquecido esse espaço, como se não existisse ou fosse uma memória longínqua. Felizmente, mesmo quando não o procuramos conscientemente, a própria vida arranja maneira de fazer-nos parar e voltar a ir beber à fonte. Nessa altura pensamos, mas o que é que eu andei a fazer? como pude criar este labirinto?

Recordamos então como a água da fonte é refrescante e viva. E sempre esteve ali.

segunda-feira, julho 03, 2006

Trabalho


Para muitas pessoas, e talvez mesmo para a sociedade em geral, o trabalho é considerado o aspecto mais importante da vida, a que devemos consagrar-nos quase integralmente, e mesmo em certos casos sobrepor à família e ao tempo de lazer. Quando nos deixamos envolver pelo trabalho de tal forma que parece não haver vida para além dele, estamos a consumir-nos a nós próprios... a consumir partes de nós mesmos saudáveis e criativas. Certas empresas alimentam a cultura dos viciados no trabalho e acham que exigir que os empregados trabalhem um número excessivo de horas é perfeitamente normal. E mesmo quando não acreditamos no sistema, parece-nos impossível não fazer parte da engrenagem. De uma forma geral, para muitos, o trabalho não traz satisfação, é apenas um meio para atingir um determinado objectivo, obter "segurança", etc... Níveis elevados de stress, angústia, depressão, "neura", frustração, são alguns dos sintomas que vemos por aí e de que toda a gente fala. Para além do precioso tempo das nossas vidas que usamos para fazer algo de que muitas vezes nem gostamos, frequentemente fazêmo-lo em condições psicológicas insustentáveis. Não faltam histórias de patrões prepotentes, que abusam do poder, criticam, menosprezam, humilham, que não sabem solucionar um problema sem ser aos berros, que gritam pelas mais ridículas das razões (inclusive sem razão nenhuma ou quando eles próprios estão em falta), que fazem os outros e eles mesmos respirar um ambiente, no mínimo, sufocante e desmotivante. Ou então histórias de colegas que não hesitam em subir à custa do parceiro. Não acredito que alguém seja intimamente feliz quando trata os outros como um tapete.












O trabalho é uma forma de autoconhecimento. Olhar para o que fazemos é uma forma de sabermos em que ponto estamos. Provavelmente a maioria das pessoas sabe o que gostaria realmente de fazer, mas tudo isso fica submerso debaixo dos "devo", "tenho de". É preciso coragem para mudar (não necessariamente de trabalho). Às vezes achamos impossível. Será?

Um livro de que ouvi falar recentemente (e como por acaso, de duas fontes diferentes) e que alia budismo, negócios, relações interpessoais, etc. - The Diamond Cutter (O Lapidador de Diamantes).

"Já está mais que demonstrado que o poder económico não traz a felicidade. A felicidade advém de nos sentirmos bem connosco próprios, de sabermos que existe coerência entre o que pensamos e o que fazemos. O poder económico vem aliado a muitas horas fora de casa, muita tensão e stress."
Reyes, Maria Jesus, Xis (Público), em 20060701 (citado por BLOGotinha