segunda-feira, julho 03, 2006

Trabalho


Para muitas pessoas, e talvez mesmo para a sociedade em geral, o trabalho é considerado o aspecto mais importante da vida, a que devemos consagrar-nos quase integralmente, e mesmo em certos casos sobrepor à família e ao tempo de lazer. Quando nos deixamos envolver pelo trabalho de tal forma que parece não haver vida para além dele, estamos a consumir-nos a nós próprios... a consumir partes de nós mesmos saudáveis e criativas. Certas empresas alimentam a cultura dos viciados no trabalho e acham que exigir que os empregados trabalhem um número excessivo de horas é perfeitamente normal. E mesmo quando não acreditamos no sistema, parece-nos impossível não fazer parte da engrenagem. De uma forma geral, para muitos, o trabalho não traz satisfação, é apenas um meio para atingir um determinado objectivo, obter "segurança", etc... Níveis elevados de stress, angústia, depressão, "neura", frustração, são alguns dos sintomas que vemos por aí e de que toda a gente fala. Para além do precioso tempo das nossas vidas que usamos para fazer algo de que muitas vezes nem gostamos, frequentemente fazêmo-lo em condições psicológicas insustentáveis. Não faltam histórias de patrões prepotentes, que abusam do poder, criticam, menosprezam, humilham, que não sabem solucionar um problema sem ser aos berros, que gritam pelas mais ridículas das razões (inclusive sem razão nenhuma ou quando eles próprios estão em falta), que fazem os outros e eles mesmos respirar um ambiente, no mínimo, sufocante e desmotivante. Ou então histórias de colegas que não hesitam em subir à custa do parceiro. Não acredito que alguém seja intimamente feliz quando trata os outros como um tapete.












O trabalho é uma forma de autoconhecimento. Olhar para o que fazemos é uma forma de sabermos em que ponto estamos. Provavelmente a maioria das pessoas sabe o que gostaria realmente de fazer, mas tudo isso fica submerso debaixo dos "devo", "tenho de". É preciso coragem para mudar (não necessariamente de trabalho). Às vezes achamos impossível. Será?

Um livro de que ouvi falar recentemente (e como por acaso, de duas fontes diferentes) e que alia budismo, negócios, relações interpessoais, etc. - The Diamond Cutter (O Lapidador de Diamantes).

"Já está mais que demonstrado que o poder económico não traz a felicidade. A felicidade advém de nos sentirmos bem connosco próprios, de sabermos que existe coerência entre o que pensamos e o que fazemos. O poder económico vem aliado a muitas horas fora de casa, muita tensão e stress."
Reyes, Maria Jesus, Xis (Público), em 20060701 (citado por BLOGotinha

2 comentários:

chumani disse...

n_fer, pois parece que o abuso é cada vez mais comum

Anónimo disse...

Where did you find it? Interesting read » »