sábado, julho 08, 2006

O diamante no bolso


O filhote vai trabalhar pela primeira vez, um trabalho de Verão (não, não vou fazer exploração de trabalho infantil, ele tem os seus projectos próprios!). O meu conselho "de mãe": não deixes que te calquem, não deixes que abusem de ti, se não estiveres contente, vem-te embora. Não estamos aqui para ser infelizes.

Tantas vezes aguentamos, cerramos os dentes, porque achamos que "tem que ser". Não tem que ser, não temos de sofrer. Tem de haver outras soluções mais criativas.

O último livro da Gangaji começa com a história de um ladrão de diamantes, um ladrão muito refinado, que só roubava os melhores e mais perfeitos diamantes. Um dia, nas sua ronda pelas lojas de diamantes, viu um mercador comprar o melhor, o mais bonito e mais puro dos diamantes que já tinha visto. Andou a rondar o mercador e seguiu-o durante três dias. Aplicou toda a sua arte, mas não conseguiu roubar o diamante. Aliás, nem conseguiu perceber onde o mercador tinha escondido a pedra. No final dos três dias, vencido mas curioso, foi falar com o mercador. Explicou-lhe que era o melhor e mais célebre ladrão de diamantes do mundo. Tinha-o observado a comprar um lindíssimo diamante. Embora tivesse usado de todos artifícios da sua arte, não tinha conseguido localizar a gema. Onde é que a tinha escondido?

O mercador respondeu: "Bem, vi que me observavas na loja de diamantes, e suspeitei que fosses um ladrão. Então escondi o diamante num sítio em que nunca o procurarias: no teu bolso!" E tirou o diamante do bolso do ladrão.

Em muitas tradições há histórias que contam que sempre tivemos o tesouro connosco, um tesouro que durante éons e éons procurámos "lá fora". Ontem ouvi alguém a falar de outra pessoa como se fosse o próprio salvador a quem tem de obedecer "cegamente". À volta de certos professores brota (não sei se por geração espontânea) um séquito de adoradores. Só pode querer dizer que as pessoas pensam que o professor tem o diamante. Um bom professor ensina que o diamante está no nosso bolso, que sempre esteve aí.


Aquilo de que frequentemente não se fala, é da consciência inerente, livre, viva, alegre, que não pode ser ensinada. Gangaji

1 comentário:

chumani disse...

frequentemente não anda muito longe! :) aliás pode estar tão perto que nem o vês!