sexta-feira, setembro 29, 2006

A busca

Este tema pode parecer estranho, fora do tempo ou do espaço. Mas tive um sonho, há anos atrás. Sonhei com ele. Um espírito-animal, um espírito-guia. A minha confiança nele era total, e quanto mais pensava nessa confiança, mais ela se abria. Uma confiança e uma entrega como nunca senti em momento nenhum por nada nem ninguém. E esse sonho era mais real do que tudo o resto. Nós sempre sabemos que nesta realidade condicionada não há realmente nada nem ninguém que mereça a nossa entrega total e absoluta. Pois tudo está sujeito a mudar ou desaparecer. Mas há um ponto, um espaço de abandono e entrega, em que tudo o resto pode ficar para trás. E existe este amor.

"Primeiro de tudo, deves compreender que as nossas mentes não estão separadas da Mente, e, se leste alguns textos Ch’an (Zen), saberás que esta é a única realidade. Conhecida na sua quintessência como a Vacuidade ou o que vocês ingleses chamam Última Realidade, é simultaneamente o reino da forma, a matriz de míriade objectos, como Lao-Tzu o coloca. De maneira alguma devem ser vistos como separados. A Vacuidade e o mundo da forma não são dois! Não existe passagem de um mundo para o outro, só a transmutação do teu modo de percepção. A Mente é como um oceano ilimitado de luz, ou espaço infinito, do qual brota Bodhi, uma energia maravilhosa, que gera em nós a ânsia pelo Despertar. Mas para despertar, precisas de uma imensa provisão de sabedoria e compaixão. A Sabedoria inclui a percepção completa e directa do não-ego e da não existência de algo como um “ego próprio” em nenhum objecto. A Compaixão é o meio supremo para a destruição do apego a um sentido do ego ilusório.” (de John Blofeld, Bodhisattva of Compassion)

Uma das histórias mais maravilhosas sobre a busca e o caminho é a história de um Rato Muito Ocupado com o Trabalho dos Ratos, que é correr da esquerda para a direita, de um lado para o outro, à procura, a examinar, a apanhar, a trocar, a arrecadar e a comer Sementes. Mas este Rato Ocupado “ouvia um Rugido nas orelhas” e cismava sobre esse ruído e queria saber de onde ele vinha. Partiu um dia corajosamente à procura, ultrapassando a Orla de Todas as Coisas que os Ratos Conheciam, e encontrou um Guaxinim, que lhe explicou que o Rugido vinha do Rio... esta história vai para uma amiga que tem visões de águias :)

A história é realmente maravilhosa e fala de todos nós. No fundo, seria fácil continuarmos a ser um Rato Muito Ocupado a correr da esquerda para a direita, de um lado para o outro, à procura, a examinar, a apanhar, a trocar, a arrecadar e a comer Sementes. Mas há este zumbido.

3 comentários:

dora disse...

"gosto tanto"...
( que bom! : )

chumani disse...

pois, tens um dos blogs mais bonitos e interessantes que conheço - obrigada por vires até aqui, os comentários de "nossas mulheres" não estão a funcionar, não sei por que razão :(

chumani disse...

bem, afinal lá consegui activar os comentários, era uma parvoíce minha... :)